Como a Xerox perdeu a mina de ouro que fez da Apple uma gigante

#Inovação #Liderança #EstratégiaEmpresarial
10 de setembro de 2025
Nos finais da década de 1970, o centro de investigação Xerox PARC era um verdadeiro celeiro de ideias revolucionárias. Foi ali que nasceram tecnologias visionárias como a interface gráfica de utilizador (GUI), o rato, a Ethernet e até avanços na impressão a laser. No entanto, apesar de ter em mãos estas descobertas, a Xerox não conseguiu transformá-las em produtos comerciais de grande escala. Limitou-se a ser um laboratório de invenções brilhantes, mas sem visão de mercado.
Fundador do KumbuFacil.com e Criador da plataforma AIPEGS.net.
Em 1979, a história deu uma reviravolta. A Apple, prestes a abrir capital em bolsa, celebrou um acordo que permitiu à Xerox adquirir ações da empresa em troca de um privilégio especial: Steve Jobs e a sua equipa puderam visitar o PARC e assistir a demonstrações das suas tecnologias. Foi nesse momento que Jobs ficou face a face com o futuro. Ao ver a interface gráfica em funcionamento, confessou mais tarde que ficou “deslumbrado”.
A frase que viria a repetir várias vezes resume a sua perceção:
“A Xerox tinha uma mina de ouro e não sabia explorá-la.”
Para Jobs, o potencial da GUI era claro: a possibilidade de tornar os computadores acessíveis, intuitivos e, acima de tudo, produtos de consumo em massa. A Xerox, apesar de ter desenvolvido a ideia, não soube ver além do laboratório. A Apple, pelo contrário, pegou nessa inspiração e lançou em 1984 o Macintosh, o primeiro computador pessoal com interface gráfica pensado para o grande público.
Os resultados falam por si. O Macintosh, embora não tenha sido um sucesso esmagador imediato, abriu caminho para uma revolução na computação pessoal. Foi a partir desse salto que a Apple consolidou a sua identidade de empresa inovadora e visionária, capaz de transformar conceitos técnicos em produtos desejados pelo mercado. Décadas mais tarde, essa mesma cultura de inovação culminaria em ícones como o iPod, o iPhone e o iPad, que redefiniram indústrias inteiras.
A Xerox, por outro lado, permaneceu prisioneira da sua própria indecisão. Com uma equipa de investigação brilhante, mas sem coragem ou estratégia comercial, deixou escapar oportunidades históricas. A empresa que podia ter liderado a era dos computadores pessoais acabou por ficar para trás, vendo outros colherem os frutos do seu trabalho pioneiro.
A visita de Steve Jobs ao Xerox PARC não é apenas uma curiosidade histórica; é uma verdadeira lição sobre inovação. Criar tecnologia não basta: é preciso transformá-la em produto, em negócio e em valor real para as pessoas.
A Xerox tinha uma mina de ouro, mas deixou-a enterrada. A Apple soube escavar, lapidar e vender esse ouro ao mundo.
E essa é, talvez, a diferença decisiva entre as empresas que lideram e as que ficam para trás: não deixar que as ideias fiquem esquecidas numa gaveta, mas transformá-las em soluções que mudam a vida das pessoas.
Uma lição clara para todas as organizações que se acomodaram ao passado: quem para no tempo e recusa inovar, arrisca-se a perder o lugar de liderança e a ver outros colherem os frutos do que poderia ter sido seu.
Elso Manuel